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sábado, 17 de março de 2012

Luz que não produz sombra

Somos o que há de melhor
Somos o que dá pra fazer
O que não dá pra evitar
E não se pode escolher...

sábado, 10 de março de 2012


"Então ela chegou os lábios para junto dos de Pedro Bala, os beijou e depois fugiu."

domingo, 4 de março de 2012

Apagado e reaceso

Eu ainda tenho umas coisas pra te falar.
Tive tempo de sobra pra pensar sobre tudo isso, sobre mim, o que aconteceu e as consequências. 
Sabe, eu me perdoei.
Me perdoei por ter errado, deixado levar e impulsiva que sou, me arrepender.
Mas o arrependimento virou aprendizado. Doeu, dói e quando eu olhar a cicatriz, eu vou lembrar da dor. Mas tudo bem, eu aprendi. Eu finalmente percebi que o que me prendia em você: auto desafio. Não foi "culpa" só sua. Não... As pessoas só fazem com a gente, o que nós permitimos. E eu permiti que isso fosse longe demais.
Vesti o meu manto de indiferença, mas por trás da capa, só eu sei o que senti.
Chorei e tive vontade de te bater. De ligar na sua casa ou até mesmo ir lá. 
Seria invasivo demais, e eu não sou assim.
Pensei em te mandar uma carta, te encontrar na faculdade e te dizer umas merdas.
Iria me arrepender, pois sei que seria em vão.
Aí quando eu superei o dia mais difícil, e tive convicção de que eu estava "curada de você", a vida deu as caras.
Você sabe do que eu estou falando.
Não. Talvez não saiba.
Eu tinha bebido, como venho feito ultimamente. Estava chapada, no ápice do que eu traguei.
Meu coração acelerou desesperadamente. Doeu tanto, que mesmo eu não sabendo como é a sensação de  um infarto, eu tinha certeza que estava tendo um. Minhas mãos e pés formigaram, meu olhos já marejados, inflaram.
Segurei.
Estiquei os ombros pra trás e encostei as costas no banco. Você passou. Olhou nos meus olhos, pra mim, isso durou horas. Frações de segundo.
Por dentro, eu estava totalmente descontrolada. Mil ideias. Sabia que todas estavam erradas, eu iria me arrepender, era impulso. Só impulso.
Me controlei. Abri a mochila, peguei o livro que me acalmava, pulei o prefácio. Não conseguia concentrar. Você invadiu o meu sistema, desconfigurou tudo... Não era eu que estava tão segura de si?
Me olhei no reflexo do trem. Estava calma, olhos quase fechados, efeito colateral. Semblante sereno. 
Sentei, desviei o olhar algumas vezes, confesso. Veio algumas palavras, afinal, os meus fones estavam no mudo. Folheei o livro:
"Tenho sofrido mais com as lágrimas da senhora do que mesmo com a libertação do corpo... Isso, Mamãe, porque sua dor me prende à recordação de tudo o que sucedeu, e, quando a senhora começa a perguntar como teria sido o desastre, no silêncio do seu desespero, sinto-me de novo na asfixia."
Eu não sabia muito bem o que se referia, mas chorei como uma criança. Doeu, meu coração apertou tanto, que faltou ar. Virei-me para o vidro e não caia uma lágrima sequer do meu rosto.
Eu sentia os soluços, o gosto salgado regado à boca, mas nada daquilo era físico.
"Não tenho noção do acidente, como desejaria, mas estou informado de que saberei tudo quando estiver mais sereno. Asseguro, porém, que ninguém teve culpa; nem nosso motorista amigo, nem nosso Genésio. Mamãe, nada fizeram que pudesse provocar a situação. 
Foi a dívida do passado que surgiu na máquina em movimento. Mais tarde conversaremos sobre isso."
Senti vontade de vomitar você. De colocar pra fora essa vontade que me sufoca, me prendeu a respiração por tanto tempo, me fechou os olhos e garganta; forcei algumas vezes, a dor continuara.
Liguei pra alguém que poderia me ajudar. Ou era o fiel companheiro amigo, ou o SAMU.
Minutos mais tarde, me acalmei, respirei, pude olhar pra dentro, ouvindo a voz amiga, e perceber, o tapa que a vida havia me dado.
Eu entendi tudo agora.
HA-HA-HA.
Vamos ver se entendeu mesmo.
Você pode pensar: Nossa, ainda mexo tanto com você?
Não.
Eu apenas decidi trabalhar, seguir e me entender. Colocar em prática, tirar do papel, ouvir, sentir. Dei um passo incrível, e isso me transmitiu algo que eu jamais senti... É diferente de tudo. Aprendizado.
Todos os dias eu enfrento alguns demônios. São barreiras do meu novo cotidiano. Ver tudo com outros olhos, me unir com o Eu. Entendê-lo. Praticá-lo. Contemplá-lo.
A saudade existe, às vezes aparece, some, volta, bate, trás lágrimas, sofrimento e logo se transforma em paz, raciocínio, reflexão, limpeza e perdão.
Decidi marcar nestas linhas o fim do primeiro passo.
Siga, com serenidade, seu caminho. 
Desprendo-me dessa história. Essa que eu ajudei a escrever, que contribui nos passos, tanto tortos, quanto certos. Liberto-me das más lembranças, do peso, da culpa e de você.
Espero em plenitude que um dia você sinta o mesmo.


Até os infortúnios tem o seu valor
Na oportunidade de aprender com a dor
Portanto, a gratidão jorra pela fonte do meu coração

Tá no interior e ao redor
No trabalhar, no querer
Faz e não dá ponto sem nó
É o Mistério, é o Poder
 

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