Eu sempre carrego muito peso.
Das coisas que já passaram e que ainda permanecem dentro de mim.
Tento filtrar da melhor maneira pra que não impacte negativamente nos dias atuais.
Mas tem coisa que é impossível de esquecer...
Como as discussões que eu evitei. As mentiras que eu fingi acreditar. Os abraços que ficaram só em abraços, os beijos que se estenderam demais e as mensagens que eu nunca respondi.
Dizem que isso que eu sinto é só inferno astral.
Popularmente (ou astrologicamente?) é o mês que antecede o aniversário e tudo que pode dar errado, vai dar.
Mas me disseram que passa assim que completa mais um ano de vida.
O meu dura mais tempo que o esperado, talvez.
Tanto faz. Não acredito nessas coisas.
Além do peso, carrego comigo os traços de todos eles.
A paixão por cozinhar, de ouvir Blur, chorar no show do Dance of Days, timidez, descrença, escritor preferido.
Desapego rápido da presença, mas guardo retalhos das recordações.
Costuro uma colcha com eles.
O frio que eu sinto não desaparece.
Mesmo que eu tente me cobrir.
por todos esses anos
aprendi muita lição
só não consegui voar
com os pés presos ao chão