Ando nostálgica.
Ando, no sentido de caminhar. Passo a passo. Um depois do outro.
As ideias e lembranças passam despercebidas, normalmente. Até eu me dar conta de que passo mais tempo recordando, do que vivendo.
Aí acontece alguma coisa. Eu fico mais feliz. Tenho um ótimo rendimento na faculdade, no trabalho e na vida pessoal. É engraçado, porque até um ano atrás, eu jamais imaginaria que tudo isso pudesse acontecer. Parece irreal contar pra alguém que estou orgulhosa comigo mesma, mas é o que está acontecendo: Estou com vergonha de dizer que estou feliz.
Feliz com o futuro que está cada vez mais presente, com o trabalho que logo completará um ano de realizações profissionais e pessoais; com o voluntariado e a confiança que recebi e transmiti, os amigos conquistados. Estou feliz com a minha família e com os domingos em que eu não abro a janela do quarto e fico só comigo. Feliz em ir pro sertanejo e beber vodca com soda e dar risada com o pessoal do hotel.
Continuo com má sorte nos relacionamentos, mas aprendi a lidar com isso.
Sinto que nunca estive tão realizada.
E ninguém além de mim, sabe disso.
Passo quase que invisível entre a vizinhança, que apenas me vê saindo pra trabalhar de vestido e tênis, e ouve o barulho das minhas chaves tarde da noite, quando volto da faculdade. Ou quando sento no vagão no trem com os meus fones de ouvido e livro de numerologia e astrologia. Fico tentando imaginar o que as pessoas pensam de mim, e a conclusão foi que elas não me percebem. Sou o carro da Mulher Maravilha.
Peguei um final de semana pra reformar o meu quarto. Comprei as tintas e retoquei o amarelo da parede, mudei os móveis de lugar e finalmente arrumei a biblioteca. Agora só falta trocar as fotos do mural e instalar a prateleira. Deu ainda mais vontade de ter a minha própria casa. Não tenho nenhum conflito em morar com os meus pais, mas o desejo de sair daqui não é mais tão utópico assim.
Dentre os pacotes que estavam em cima do guarda roupa, estavam as pelúcias que ganhei enquanto namorava. Foram três anos que hoje me dá a impressão que nunca existiram. Os coloquei em cima do lençol recém esticado sob a cama; decidi pensar que acabei de comprá-los.
Agora, escrevendo isso como se estivesse dissertando sobre o tempo de consertos pessoais, posso deixar 2012 ir com os abraços em que dei nos treze 'orgulhinhos' que depositei toda a sorte que eu podia. O próximo vai ser recebido de casa nova, quarto amarelinho gema, incenso de alfazema queimando e exalando o aprendizado de caminhar até aqui.
A felicidade e o orgulho de ser quem sou, chegaram. Não precisei ouvir de outra pessoa, entendi que a gratidão que eu ofertei era necessária pra eu estar em paz, hoje.
Andando, nostalgicamente, voltei até o agora.
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