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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Que passe, e passe logo

É como um trem. Devagar, cheio de gente e com longas paradas. Sem nenhum destino, eu vago dia após dia, sem certeza de absolutamente nada e ao mesmo tempo, buscando ponto firme em tudo.
Não sei quando fiquei assim, sequer sei até quando eu era ingênua e me contentava com qualquer coisa, sem questionar a existência de tudo e guardando lembranças que hoje já não significam nada.
Ontem, eu finalmente pude me dar conta que algo morreu, - algo não, alguém - e foi bom. Alguns quilos a menos pra eu suportar, uma lembrança a menos na cabeça e dezenas outras pra colocar no lugar.
O que eu sou, de onde eu vim e pra onde eu vou? Por que não ser como as outras, espalhafatosas, gostosas e lindas, por tras daquela maquiagem e todo aquele loiro no cabelo; por que não se preocupar com qual roupa vestir ou sapato calçar ao invés de criar teorias que me façam acreditar em algo.
O que eu estou fazendo aqui? Perdendo tempo tentando saber demais e sofrendo por me arrepender de tanta burrada, por não saber me portar e sendo colocada pra baixo, sem nenhum impulso, sem forças nas pernas para levantar, por não saber pra onde ir ou pra quem dar a mão e pedir ajuda.

Gritos mudos, palavras que se apagam junto com históricos. Mentiras ainda tão recentes, marcas que custam a cicatrizar. Eu me deixei levar, eu permiti que isso acontecesse; e agora, como dar um basta? Como provar pra mim mesma que eu não preciso de uma cruz pra provar pro mundo que eu posso. Meu pai não é deus, não quero ser exemplo. Venha Judas, me beije. Pedro, diga que não me conheces. E Pôncio Pilatos, me julgue. 
A próxima estação está chegando, não sei usar os freios, não tenho direção a seguir e a dança está prestes a começar.

"Sem muita idéia.
Traz esse bicho aqui.
Traz ele vivo que eu quero comê-lo gritando.
Grudar meus dentes na jugular.
Arrancar as tripas com os dedos.
Me traz esse bicho agora.
Quero misturar a saliva de minha boca com seu sangue.
Quero que a sujeira de meus dentes infeccione sua alma.
Me traz esse demônio desgraçado. (...)" -
Nene Altro

2 comentários:

  1. Sem nada a dizer amora, a minha vontade era de em alguns momentos estar embaixo do trem...

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  2. Um trem, cheio de gente

    Cheio de pessoas

    Vazias.

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