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Foto por Stefanny Silva - flickr.com/photos/ste_silva/ |
Sempre me camuflei, chorava escondida. Alguns meses depois, toda essa "dor reprimida" gerou uma espécie de depressão que comia pouco a pouco meu cérebro. Remédios e tratamento, conversas com a psicóloga... Tudo isso aliviou. Depois de algum tempo, eu recebi alta: doze quilos mais gorda, com a auto estima no chão... mas com diagnóstico ótimo.
Eu sabia que no fundo, aquela dor que eu sentia não era só física. A cefaléia poderia até não voltar, mas a dor presa na minha garganta, sem poder vomitá-la, essa sim, me acompanharia durante muito tempo.
E foi assim. Um ano mais tarde, eu perdi tudo. O emprego, algumas amizades, a estima. Ganhei muitos tombos, alguns amantes, - talvez até paixões, que não passaram de uma noite, ou algumas horas - um porre aqui, outro acolá, mas no balanço geral, eu saí perdendo.
Eu não tenho mais aquele ombro que se encaixa perfeitamente no meu queixo.
Posso dizer que eu tenho sido forte o suficiente pra não ligar, não me olhar no espelho e apenas acender um cigarro. Ele que me traga. Suga de mim toda essa podridão e solta com aquela fumaça branca... Vejo a minha alma saindo de mim, o pouco que ainda me resta, ela sai, sem se despedir, assim como você foi embora.
Na bebida, eu encontro uma companheira. Ela não me abandona, dança comigo a noite inteira, me leva prum hotel, me dá uma noite maravilhosa. Mas o problema, é que ela não me liga de manhã.
Voltando pra casa, eu caio algumas vezes. O bom é que eu não sinto nada. A dor de dentro é maior. A vontade é estourar a minha cabeça na parede pra dor externa se sobressair...
Encontro alguns amigos, ouço algumas piadas, recebo abraços. Mas no final, sempre é o mesmo assunto. Todos se preocupando comigo, querendo saber se eu já te esqueci, se tenho falado com você. A resposta é sempre não.
Não sei onde me encontrar de novo. Talvez eu tenha me perdido quando te conheci. Ou foram efeitos do remédio, como saber? Eu queria ser como as outras, mas quando você deixa de acreditar em algo, não há como voltar a crer, é como o Papai Noel.
Eu poderia listar as minhas treze razões para acabar com tudo (na verdade, são até menos) e não dá pra recomeçar, sem terminar. Não aguento mais a minha mãe preocupada comigo, marcando consulta com o neurologista, com medo de eu voltar aos remédios. Mal ela sabe, mas esse é o menor dos problemas.
Mais 24 horas.
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