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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Infortúnio transitório


- Fumar faz mal.
- Falar com estranhos também.
- Mas fumar mata.
- Falar com estranho também mata.
O estranho a vê dar um grande gole em uma garrafa de vodca:
- Dor de amor?
- Vontade de esquecer de tudo, apenas.
- Dor de amor!
- Me deixa…
- Você quer afogar o amor com a vodca e sufoca-lo com o cigarro?
- Não… Só quero esquecer…
- Esse não é o caminho.
- E qual é o caminho?
O estranho sai andando e grita:
- Esse é o caminho!
- Andar?
- Não, seguir em frente.


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

(Des)impulso

E eis que depois de uma noite de quem sou eu,
de acordar a uma hora da madrugada em desespero.
Eis que as três horas da madrugada eu acordei
e me encontrei, eu fui ao encontro de mim,
calmo, alegre, plenitude sem fulminação
simplesmente isso, eu sou eu, você é você
é lindo, é vasto, vai durar.

Eu não sei ao certo o que eu vou fazer em seguida
mas por enquanto, olha pra mim, e me ama.
Não: tu olhas pra ti e te amas. É o que está certo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Eu deito, sonho, acordo e não lembro de nada.


"Você me soa tão abstrato.
Os dias já não me remetem a nada.
E quanto mais eu sei menos eu posso crer,
em tudo quê ouço, enxergo e falo"

Eu abro o livro e observo minha coleção. Há de todos os tipos: Os que duraram anos, outros alguns meses e têm aqueles de poucos dias ou horas. Eles são feitos a minha medida, ou à aquilo o que eu penso que eles são. Imagino as músicas preferidas, a roupa por trás do uniforme, a posição que dorme, o restaurante preferido...
Engraçado. Poucos deles me deixaram tão nervosa quanto esse.
Quando me beija e diz "bom dia", seguido do abraço que me cobre, me faz pensar em nada, sorrir involuntariamente e perder os sentidos.
Seria lindo se não fosse triste.
Triste no sentido de sonhar e acordar pensando em como seria. Minha triste mania do "e se?". Costume bobo, infantil que deveras me faz ter devaneios, alguns bons e outros nem tanto.
Não é de todo mal. Eu já acertei algumas profecias. Entre cochilos no trem, acordo lembrando de como foi aquela noite, e de como seguiu a risca o meu sonho. Sorrio. De fato é engraçado.
Ele é mais um.
Daqueles que me faz descompassar. Esses que dão medo... Sempre gostei do ar de impossível e quase sempre acerto.
Tem dez anos a mais de experiencia. E por ser homem, obrigatoriamente tem o triplo de histórias pra contar. Eu, tenho muito o que aprender.
Deixando a irracionalidade de lado, ele é o pivô da coleção. Das páginas do livro, - ainda não descobri o maior dos motivos - mas ele tem destaque. Talvez seja o intelecto, a força na voz, ou o olhar.
O sorriso no olhar.
Eu, pequena, eterna aprendiz e errante; gosto do imprevisível. Os karmas estão a solta no Universo, mas esse que eu carrego é tão particular, que é praticamente intangível.

E como tenho prazer no abstrato, paixões platônicas continuam sendo as minhas preferidas.



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Não pense que é capaz. Saiba que é.


flickr.com/photos/ste_silva
Enquanto você se esforça
Pra ser um sujeito normal
E fazer tudo igual
Eu do meu lado
Aprendendo a ser louco
Um maluco total
Na loucura real
Controlando a minha maluquez
Misturada com minha lucidez
Eu vou ficar
Ficar com certeza
Maluco beleza
E esse caminho
Que eu mesmo escolhi
É tão fácil seguir
Por não ter onde ir
 
Raul Seixas — Maluco Beleza, 1977

E eu os encontro por todos os lados. Pisco. Abro os olhos devagar, - o astigmatismo impede que eu enxergue com clareza - os esfrego, os óculos me ajudam: Sorrisos maliciosos, olhar penetrante que me deixa sempre sem argumento.
Sinto o cheiro da pele, relva molhada, lábio seco de quem fumou há pouco. 
Os ensinamentos são os mesmos, os livros e páginas. Não há lugar como nosso lar tem outro significado agora. O sofrimento é inevitável. Dor tornou-se aprendizado. Alguém ainda não foi perdoado.
Traço o caminho, não mudo de direção.
Quando você sabe demais, não dá pra voltar. Fui precisa quando escolhi pela pílula vermelha.

Eu só posso lhe mostrar a porta.
Você tem que atravessá-la.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Kinu Restaurante

Divulgação
Acolhido. Essa é a única palavra que eu usaria para descrever a feição de um cliente. 
Satisfação na hospitalidade, sorriso no olhar e prazer em servir. De fato, esses três elementos são os pilares no serviço do restaurante japonês Kinu, localizado no Complexo 17 do luxuoso hotel Grand Hyatt São Paulo.
Com atenção nos detalhes, os garçons sempre à disposição a atender com apenas um olhar. O copo nunca está vazio, a mesa sempre servida e o cliente sempre satisfeito.
À frente da cozinha está o Chef Kazuo Harada, com olhar exigente e detalhista, compõe verdadeiras obras de arte em seu ateliê - o sushibar.
Serviço excelente, pratos impecáveis e ambiente diversificado.
O Kinu com certeza é uma ótima opção de culinária japonesa em São Paulo. Com a facilidade de entrada pela rua, bom gosto na decoração, mesas ao ar livre e sofisticação.


por Stefanny Silva

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cento e dez, cento e vinte, cento e sessenta


Virei a página do calendário. Assim como troquei os lençóis da cama, as fronhas dos travesseiros, as fotos das molduras e os post-its do guarda-roupa.
Mudei a cor da parede, os móveis de lugar e o corte de cabelo. Janeiro demorou 366 dias para terminar, e finalmente hoje pude estourar a minha champagne e soltar fogos de artifício.
Dentre todas as coisas que aconteceram neste mês, o verdadeiro Eu tem dado as caras, o egoísmo anda moderado. Minha cabeça trabalha em horário comercial, novos rostos, assuntos e nova identidade. Talvez eu esteja me encontrando de fato, não sei classificar. Mas em passos firmes, sem pressa, uma coisa de cada vez; uma conquista toda manhã. Alegria no que faço, sorriso na voz, coração calmo.
Encontrei a fórmula pra viver bem.
Tudo o que me machucou nesses anos, deixou marcas. Cicatrizes que o tempo não pode apagar. Mas eu decidi não vê-las mais. Cubro com maquiagem, reforço o preto nos olhos, batom nude nos lábios. Visto meu uniforme, calço o salto e saio em direção ao que me faz bem.
Média de oito à nove bons dias recebidos até o setor. Beijinhos, abraços e "vou bem, e você?". Servir hóspedes VIPs, preparar chás, beliscar sobremesas francesas e sorbetes japoneses. "Foi um prazer, espero que volte!"
Não preciso de uma lista de planos pra seguir, não mais. Ainda não sei explicar ao certo o que de fato aconteceu, como eu vejo as coisas agora. Só sei que toda manhã eu acordo melhor do que no dia anterior. Parei de brigar comigo, chega de procurar erros e tropeços em vão. Não posso buscar n'outra pessoa o que falta em mim, e a partir desse ponto, eu começo uma nova partida.
Abri as portas e estou de braços bem abertos para tudo o que está vindo em minha direção. Continuo olhando tudo a minha volta: O céu azul pela manhã, a Estaiada iluminada pelo sol, os trens, as pessoas, sotaques, culturas, cheiros, sabores...
Quem diria, eu sempre com tanta pressa, hoje, só quero aproveitar as curvas dessa infinita highway.
 

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