Vou ligar para a psicologa e desmarcar a consulta.
Não.
Vou ligar pra você e dizer a verdade.
Isso seria o mais provável, e é obvio que não tenho essa coragem toda.
Vou ouvir Arnaldo Antunes e Seu Jorge até enjoar e me sentir com 15 anos outra vez.
Seguir a linha azul do metrô - Jabaquara, Tucuruvi - só pra perder a noção do tempo.
Posso assistir sessões seguidas no cinema também.
Sair do shopping depois das 22hs, parar no bar e tomar um açaí ou uma cerveja.
Ou duas. Três.
Também vou pintar as unhas e cortar mais o cabelo.
Fazer uma tatuagem ou outro piercing.
Desligar o celular pra não ter que ver as mensagens de convite pra beber.
O dvd do Laranja Mecânica já está rodando de novo.
Falo junto com Alex DeLarge. Decorei o script.
Terminar de ler aquele livro seria uma boa... Ao invés disso vou comprar mais um do Carpinejar.
Vou ver álbuns de casais que conheço e me questionar se toda aquela felicidade é de verdade ou é só pose pra foto.
Preciso seguir com a terapia.
E reler àquele trecho de Freud que eu anotei à mão no moleskine.
Comprar um jeans colorido e ir num show.
Esperar o metrô abrir sentada no sofá da pastelaria ouvindo a conversa dos outros.
Ler enquanto as pessoas digitam mensagens em seus celulares.
Comprar o jornal.
Ler o horóscopo.
Mais um livro de bolso do Jabor.
Gosto de crônicas. Me soam tão reais...
Todo mundo fica na bosta um dia.
O meu problema é que eu não demonstro. Eu escrevo. Registro. O que é bem pior, pra falar a verdade.
Posso sentar numa mesa do Mc Donald's e conversar durante horas sobre como eu me sinto ridícula.
Mas eu vou juntar as frases com uma foto e guardar num link.
"Preciso de coragem, não de terapia"
"Mil e uma coisas para fazer depois de dormir com alguém"
Quem sabe um dia não vira livro.
Crônica.
E alguém compre numa banca de jornal, mais um livro de bolso.
Custa só 5 reais.
É mais barato do que passar o dia no cinema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário