Com dezoito anos eu já me enxergo escravizada com boletos da Universidade, acordo presa ao meu emprego de merda, que eu preciso para conseguir contruir um futuro qual eu sempre quis. Olho para o lado e vejo "colegas" discutindo a balada do final de semana, o que vão beber, pra onde vão viajar nas férias... Confesso que só enxergo futilidade. Pessoal reclama da vida, mas estuda na mesmo bairro, trabalha menos de 6h diárias, não paga a faculdade, faz da vida uma grande festa, mas continua reclamando. Tem pai e mãe, casa grande, dinheirinho debaixo do travesseiro pra comprar celular de última geração e tomar cerveja no barzinho da Goiás. Entra nas redes sociais xingando os professores e anunciando a câmera que comprou, faz um portfólio e vira "fotográfo". Reclama do papaizinho que não deu dinheiro pra ir pro exterior, reclama que tem que trabalhar Segunda-Feira, mas uma vez por semana vai fazer cursinho e não precisa ir para a empresa. Compra notebook e twitta de iPad. Enfia a mensalidade no rabo e enche a boca pra falar mal de quem mora no subúrbio. Mas vocês sabem, né... A vida dessa galera é muito difícil.
Mova sua nova TV. A comida sem gosto. Sua pilha de contas. Mova. Mova.
Status. Hoje a única coisa que vale a pena. No meio dos jovens, encontrei um mundo qual eu não imaginava existir, onde a educação já não é mais necessária, o dinheiro, as roupas, o corte de cabelo, comer a colega de trabalho - isso sim é ser alguém, é ter "fama", ter o letreiro na testa denominado STATUS. Que se foda a educação, os estudos, o esforço cotidiano que eu faço pra ter um futuro onde eu possa desfrutar da minha liberdade. Isso não interessa mais!!! Hoje o que conta é cartão de crédito na carteira, compras e mais compras. Encher a cara de uísque doze anos e cospir na cara de um trabalhador que fica até tarde numa fábrica qualquer pra poder comprar leite pros filhos. Hoje o legal é ser puta, é ter peito e bunda. Inteligência não conta, cala a boca e sorria pra fazer social, vamos lá... Querem o seu corpo, sua escravidão, sua alma não vale de nada, é lixo, virou pó.
Mova o sistema falido. A fome nas ruas. O valor esquecido. Mova. Mova.
"Quem aí já teve vontade de sair na rua pra protestar sobre qualquer coisa, mas teve medo de apanhar da polícia?" - Quando um rapaz do meu Facebook postou isso, me veio muita coisa na cabeça.
Eu realmente já tive vontade de protestar, mas será que é seguro? Quem garante eu não não vou presa como uma qualquer e vou ficar numa cela "diferenciada" por ter curso universitário? A gente vê nos noticiários que na França ou outros países da Europa, o povo vence o goverso assim: Saindo na rua pra reivindicar os direitos. E a gente aqui no Brasil, faz o quê? Senta e chora. A idade mínima pra se aposentar sobe a cada novo mandato, e eu só tenho a certeza que se eu for mais uma nas estatísticas e precisar desse dinheiro que é descontado todo mês do meu pagamento, eu vou morrer antes. O salário mínimo continua mínimo e sobreviver com ele não é aceitável. Bolsa família, Vale gás, Bolsa escola... Migalhas DO NOSSO DINHEIRO que o governo repassa pra quem tem necessidade. Com isso, fazem campanha com as famílias sorrindo pra câmera e eles divulgam no "horário partidário obrigatório". O povo quer emprego, as pessoas precisam viver e não sobreviver de miséria, sendo cada vez mais escravizados pelo Estado. O Brasil só reina em democracia pelo fato de mostrar a bunda não dá cadeia nem é falta de "respeito". A manchete é casamento gay, uma vitória, claro, mas o quão deve ser realmente grave a situação pra ter destaque no Jornal Nacional?
Mova o Estado que escraviza, as leis que te sugam, a polícia assassina. Mova. Mova.
A igreja que ilude, cura as dores provisóriamente, te deixa cheio de si pra gritar aos quatro ventos o quanto seu deus é poderoso, que vocês se falam todo dia, ele te dá o caminho, uma nova vida... Acho tudo tão lindo! Já acreditei nisso tudo. Já me induziram a crer no "divino". E confesso, eu era mais feliz. Feliz por colocar a culpa nele e tudo o que acontecesse na minha vida era intervido por ele. Se eu me tinha uma prova pra fazer, só ouvia "pede pra deus", ele vai me dar as respostas, Mãe? - Carregar toda uma doutrina, toda uma história ficticia que qualquer pessoa de bom senso ao ler a bíblia consegue distinguir o quão fantasioso é esse mundo religioso... Mas o que acontece ao decorrer de todos esses anos? É muito mais cômodo acreditar no que dizem do que buscar a sua verdade. Colocar tudo nas costas de deus e se livrar de toda a culpa, é muito mais digno, vamos combinar... Temos padres, pastores, com Cielo nas mãos prontos para nosso cartão de débito, afinal, o dízimo é sagrado!!! É tudo pro bolso de deus, pra aumentar a igreja, pra fazer doação, PRA LIVRAR SUA MALDITA ALMA DO INFERNO.
Quem nunca comprou um tijolinho no céu?
Mova todo desencanto, o pai, o filho e o espírito santo. Mova. Mova.
Os trechos em vermelho, são de uma música do Dance Of Days, que eu sou fã enlouquecida, encaixaram perfeitamente - e serviram de inspiração - para o post de hoje.
assino embaixo.
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Muito bom Stefanny. Acredito que a liberdade ocorre quando conseguimos disponibilizar, com regularidade, boa parte do nosso tempo fazendo o que realmente gostamos. Mas quem não é rico tem que correr atrás de dinheiro, faz parte, milhões de pessoas precisam disso, mas o que importa é o plano de vida que cada um faz para si, ou seja, o que faz com o dinheiro que ganha e com as experiências adquiridas, sem alienação, sabendo que há um caminho a ser percorrido, para passar de escravo à senhor da sua vida. Seu texto traz esta questão de uma forma bem interessante e madura, se tiver disponibilidade, leia no meu blog o item "Um pouco sobre o autor...", acredito ter ligação com este seu texto. Parabéns!!!
ResponderExcluirStefanny muito bom seu post curti muito me fez repensar varias coisas! continue assim!
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