Ela gosta da liberdade de escrever sem obrigação, de anotar trechos de músicas ou frases aleatórias no rascunho do celular pra usar de legenda nas fotos do Instagram. Ela prefere usar vestido de tênis e de ouvir as mesmas músicas sempre, até enjoar e parar de gostar da banda. Outra característica que a define é a convicção das ideias. Seja sobre política, feminismo ou vida pessoal – é daquelas que sabe falar de tudo um pouco, ou assume, sem vergonha nenhuma, de que não tem argumentos para continuar uma conversa.
Acompanho de longe sua transformação e digamos que 2014 foi um ano de descobertas. Todos aqueles tabus que ainda eram distantes foram apresentados pra ela – alguns não da melhor forma. Estupro, agressão, opressão policial, machismo e imposição de pessoas que estiveram sempre por perto. São palavras fortes das quais a maioria das pessoas se incomoda em ouvir (ou ler, no caso), mas vê-la sentir na pele tantas emoções e carregar tantas lembranças pro resto da vida é difícil até pra mim, que fico aqui, de longe, só observando.
Esse ano ela fez uma tatuagem. Alguma coisa sobre coragem, não sei direito o que significa. E faz todo sentido para o que ela tem vivido (e lá vou eu listar outra característica). Mas as descobertas não se limitam nas coisas ruins – esses dias a ouvi falando algo sobre “as mulheres da minha vida”. Por ter entrado nesse caminho sem ter pedido, ela conheceu outras pessoas que já trilhavam a mesma rota: Suzane, Camila, Clara, Ana, Jessica, Gabriela, Sofia, Stefanie, Carolina, Raphaella, Polly, Maria e outras tantas que trazem consigo histórias parecidas, carregadas de luta e emponderamento.
Mesmo com essas experiências, alguns hábitos permaneceram. Como o de cortar o cabelo quando quer deixar alguém ou alguma fase para trás – é claro que para um fardo tão grande faria com que muito cabelo entrasse na jogada, e não foi diferente. Ela tenta conciliar os estudos com a caixa de 48 cores de lápis de cor e as folhas do moleskine, com as revistas que chegam mensalmente e ela não consegue acompanhar a leitura, sem falar da pilha de livros que cresce na prateleira. Se não me engano, no próximo mês ela termina a graduação e o estágio, viaja pra pular as ondas e receber 2015 com uma página em branco e o resto do corpo pra tatuar.
Entre o barulho das folhas quando os abacates caem das árvores no chão e o LP do Tim Maia rodando na vitrola, a vejo passar na minha calçada, sempre sozinha, de fones e com um livro na mão. Tem uma capa inteira fúcsia, eu fico aqui, tentando imaginar sobre o que é, assim como qual música ela ouve pra decifrar qual banda ela vai enjoar dessa vez.
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Espantou quem passou
Ter coragem pra ir além é mais difícil do que seguir adiante com a mosquinha da dúvida sempre zunindo no pé da orelha.
Vai um pouco mais profundo do que a tatuagem que eu carrego no braço, sempre ao alcance dos meus olhos.
Engraçado que eu já consigo ver o progresso daquela atitude que eu não tive.
Me renderia boas risadas e horas de amor platônico que moram na minha cabeça se tornarem reais.
Toda noite é um sonho diferente.
A cada novo filme em branco em que eu dou play para que a gravação comece, você me vem de uma forma. Ora como meu companheiro, ora como o pai dos filhos que eu nunca quis ter, ora como essa pessoa que você continua sendo, sem eu nunca sequer saber se acertei ou errei quando imaginei o quão bom de cama você poderia ser.
É duro ter a imaginação tão fértil com a boca e a coragem tão pequenas.
"Ninguém gosta de ouvir não"
Eu me sinto com 15 de novo. Eu queria viver todos aqueles clichês mesmo sabendo o quanto é piegas.
Não me importo.
Minha iniciativa só vem quando eu medito demais e ponho de lado todo o peso das minhas escolhas erradas ou falta delas (das escolhas, não das más).
Se eu estruturasse em frases ditas as mesmas memórias e histórias que eu crio por (e com) você, talvez elas se tornassem reais, ou talvez pelo menos você soubesse que elas existem.
Te guardo no meu travesseiro, nos rascunhos do bloco de notas salvos no meu desktop, nas conversas quando me perguntam porque estou sorrindo, nos meus toques e no assunto em que eu mais tenha pensado nos últimos dias.
Pode ser que seja hora de tirar do caminho o que está ocupando espaço para que possa dar lugar a outra coisa.
Quase não acreditei quando você chegou.
Vai um pouco mais profundo do que a tatuagem que eu carrego no braço, sempre ao alcance dos meus olhos.
Engraçado que eu já consigo ver o progresso daquela atitude que eu não tive.
Me renderia boas risadas e horas de amor platônico que moram na minha cabeça se tornarem reais.
Toda noite é um sonho diferente.
A cada novo filme em branco em que eu dou play para que a gravação comece, você me vem de uma forma. Ora como meu companheiro, ora como o pai dos filhos que eu nunca quis ter, ora como essa pessoa que você continua sendo, sem eu nunca sequer saber se acertei ou errei quando imaginei o quão bom de cama você poderia ser.
![]() |
Imagem da Sala Espacial - por Ale Iafelice |
"Ninguém gosta de ouvir não"
Eu me sinto com 15 de novo. Eu queria viver todos aqueles clichês mesmo sabendo o quanto é piegas.
Não me importo.
Minha iniciativa só vem quando eu medito demais e ponho de lado todo o peso das minhas escolhas erradas ou falta delas (das escolhas, não das más).
Se eu estruturasse em frases ditas as mesmas memórias e histórias que eu crio por (e com) você, talvez elas se tornassem reais, ou talvez pelo menos você soubesse que elas existem.
Te guardo no meu travesseiro, nos rascunhos do bloco de notas salvos no meu desktop, nas conversas quando me perguntam porque estou sorrindo, nos meus toques e no assunto em que eu mais tenha pensado nos últimos dias.
Pode ser que seja hora de tirar do caminho o que está ocupando espaço para que possa dar lugar a outra coisa.
Quase não acreditei quando você chegou.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
A ignorância não me representa
No auge dos meus 21 (eu sei o quão ridículo isso soa) arrisco dizer que aprendi bastante coisa.
E quando digo coisas, quero ser ampla, mesmo. Em vários aspectos da vida, seja profissional ou pessoal.
Por exemplo, eu aprendi a ler e escrever aos 6, usar letra de mão aos 7, escolher as minhas roupas, meus amigos, quem eu queria por perto, qual curso eu iria fazer na faculdade e onde eu iria trabalhar.
Não foi fácil, claro.
Da mesma forma que eu optei por jornalismo, poderia ter escolhido administração.
Ou ao invés de gostar de escrever em pequenas frases e muitos pontos, poderia escrever novela, sei lá.
Tudo isso pra contextualizar que mesmo que eu acredite saber bastante coisa, existem muitas das quais eu não compreendo.
Calma, vou explicar.
Sabe o conflito entre Israel e o Hamas? Não consigo acreditar que existam argumentos para que, em pleno Século XXI, se justifique essa perversidade. Não importa quem tem razão, afinal, pessoas estão morrendo. Bombardearam uma escola em Gaza - mantida pela ONU - onde crianças dormiam. Eu não quero morar num mundo onde isso não é motivo para um imediato cessar-fogo.
Mas nem precisa ser algo tão complicado.
Eu não entendo coisas simples também: não sei se é do conhecimento de todos, mas a água (não só de São Paulo) está acabando. Faz meses que não chove e se você tiver o mínimo de contato com o mundo real, lembra da história do aquecimento global (sinto dizer que não foi um filme, é de verdade!).
E da escolinha, quando a professora ensinou a gente a plantar feijão no algodão, você lembra?
Ela explicou como cuidar para que ele crescesse forte e saudável.
Pois é, parece que a gente esqueceu isso também.
O pé de feijão morreu antes de ficar grande o suficiente pra chegar ao céu (igual aquele do João) e pedir pra São Pedro mandar chuva pra cá.
Ah, e sabe o que a gente faz enquanto isso? Finge que nada está acontecendo.
Às vezes tenho a impressão que água nem é tão importante assim, vai saber.
Falando em água, passada a Copa, as eleições estão quase aí e BOOM!
Outra coisa que eu não manjo nada: votar.
Mas quanto a isso eu fico tranquila, tenho certeza que essa dúvida assombra muito mais pessoas do que eu posso imaginar.
Eu tenho só 21, é mais fácil fingir que esse lance de eleição e escolher candidato são coisas pra gente que se importa.
Nem vou esquentar a cabeça, afinal, já acabou o horário político e começou a novela.
E quando digo coisas, quero ser ampla, mesmo. Em vários aspectos da vida, seja profissional ou pessoal.
Por exemplo, eu aprendi a ler e escrever aos 6, usar letra de mão aos 7, escolher as minhas roupas, meus amigos, quem eu queria por perto, qual curso eu iria fazer na faculdade e onde eu iria trabalhar.
Não foi fácil, claro.
Da mesma forma que eu optei por jornalismo, poderia ter escolhido administração.
Ou ao invés de gostar de escrever em pequenas frases e muitos pontos, poderia escrever novela, sei lá.
Tudo isso pra contextualizar que mesmo que eu acredite saber bastante coisa, existem muitas das quais eu não compreendo.
Calma, vou explicar.
Sabe o conflito entre Israel e o Hamas? Não consigo acreditar que existam argumentos para que, em pleno Século XXI, se justifique essa perversidade. Não importa quem tem razão, afinal, pessoas estão morrendo. Bombardearam uma escola em Gaza - mantida pela ONU - onde crianças dormiam. Eu não quero morar num mundo onde isso não é motivo para um imediato cessar-fogo.
Mas nem precisa ser algo tão complicado.
Eu não entendo coisas simples também: não sei se é do conhecimento de todos, mas a água (não só de São Paulo) está acabando. Faz meses que não chove e se você tiver o mínimo de contato com o mundo real, lembra da história do aquecimento global (sinto dizer que não foi um filme, é de verdade!).
E da escolinha, quando a professora ensinou a gente a plantar feijão no algodão, você lembra?
Ela explicou como cuidar para que ele crescesse forte e saudável.
Pois é, parece que a gente esqueceu isso também.
O pé de feijão morreu antes de ficar grande o suficiente pra chegar ao céu (igual aquele do João) e pedir pra São Pedro mandar chuva pra cá.
Ah, e sabe o que a gente faz enquanto isso? Finge que nada está acontecendo.
Às vezes tenho a impressão que água nem é tão importante assim, vai saber.
Falando em água, passada a Copa, as eleições estão quase aí e BOOM!
Outra coisa que eu não manjo nada: votar.
Mas quanto a isso eu fico tranquila, tenho certeza que essa dúvida assombra muito mais pessoas do que eu posso imaginar.
Eu tenho só 21, é mais fácil fingir que esse lance de eleição e escolher candidato são coisas pra gente que se importa.
Nem vou esquentar a cabeça, afinal, já acabou o horário político e começou a novela.
domingo, 25 de maio de 2014
Sensação de estar sendo observada
Da minha janela eu consigo vê-la.
Ela passa andando devagar, sem pressa, mesmo com a garoa que embaça os óculos.
Cigarro entre os dedos, isqueiro na outra.
Vejo ela entrando num boteco, conversa com o balconista. Ele a entrega uma long neck de cerveja, continuam conversando. Deve ser sobre o jogo que passa na televisão. Ela continua com essa mania de fingir se importar com o assunto do momento.
Ela paga, pede também uns chicletes e sai.
Mesmo de longe, percebo que ela está chapada.
Os olhos caídos e os sorrisos de canto da boca denunciam.
Também acendo um cigarro. Quero ver até onde ela vai.
Deve estar ouvindo alguma dessas bandas alternativas que declamam textos em melodias. Lembro que ela me dizia que se identificava. Um amigo em comum havia apresentado e desde então ela não parava de ouvir.
Ela parou no cruzamento da Paulista com a Augusta. O farol está aberto mas ela não atravessa. Deve estar pensando se está fazendo a coisa certa. Aperta a bolinha entre os dedos. Pra quê tanta indecisão?
"Aqui estou eu, há meia hora parado no cruzamento da Brigadeiro Luiz Antônio com a Avenida Paulista. Pensando. Simplesmente pensando".
Mesmo assim, desce sentido baixo Augusta. Parece atenta as faixadas dos bares. Será que procura alguém?
Um rapaz a para e pede alguma coisa. Ela mexe na bolsa, nos bolsos e percebe que estava em sua mão. Era o isqueiro. Os dois riem.
Continua descendo.
Pára numa esquina, acende outro cigarro e compra mais uma cerveja.
Agora, segura a garrafa e o cigarro com a mesma mão e a bolinha em outra. Aperta com tanta força que se não fosse de espuma já havia quebrado.
"Nesse tempo que eu parei aqui tantas pessoas passaram por mim: empresários, mendigos, boys...
E até o zé doidim, que eu mesmo reconheci. Pessoas com mundos totalmente diferentes, mas que, naquele momento, naquele cruzamento, se cruzaram! Interessante, né?!"
Por alguma razão, deve ter lido alguma coisa no celular, ela entra e senta no balcão do estabelecimento.
Outra cerveja.
Os olhos e a expressão não negam o efeito do baseado que ela já fumou. Agora, na terceira garrafa de cerveja ela já está alta o suficiente pra se arrepender das escolhas que está prestes a fazer.
Alguém a chama e ela se senta numa mesa. O lugar está cheio de gente. Ainda estão todos falando sobre o tal jogo de futebol, o mesmo do papo com o balconista minutos atrás.
Alguém liga. Ela atende, ri e a ligação cai.
Eu sei que ela está incomodada com alguma coisa. Não queria estar ali. Quer sempre mais do que acha que pode conseguir. Eu nunca a entendi por inteira...
Ela sai com um grupo de pessoas. Anda devagar, pensa rápido.
Por ora percebo que ela cogita voltar o caminho. Mas segue.
Outro cigarro e a mania de morder o piercing. Ela está realmente incomodada. Engraçado. Sempre se diz tão livre e realmente é. Não sei porque não segue suas vontades.
Se distancia do grupo e entra numa padaria. Sai sem comprar nada. Se afasta ainda mais. Agora não tem bolinha, nem isqueiro. Ela não quer estar ali. Tenho vontade de descer da minha janela e ir buscá-la. Parece que só precisa que alguém lhe dê a mão...
"Todos os dias, em vários lugares, milhares de pessoas se cruzam mas não se falam, pois não se conhecem, e nem ao menos se importam com isso."
Vejo que ela anda ainda por mais um quarteirão.
Pensa, menina.
Sai daí.
Ela fala alguma coisa com a turma e atravessa a rua correndo.
"Penso.
Naquele momento, naquele cruzamento, tanta solidão em movimento."
E continua correndo.
Corre.
Anda rápido.
Engole a cerveja que está na mão e anda.
Muito bem. Vem pra cá. Tenho o que você tanto busca, menina.
Alguém a puxa pelo braço. A cara dela condena a ação.
Conversam. Ela ri, mas quer chorar.
Se solta e continua andando.
Entra no metrô. Aumenta o volume dos fones de ouvido. Ainda é aquela banda esquisita.
"Ando, paro e respiro...
E fico comigo, confabulando: será que são apenas corpos vazios?
Ou será um engano?"
Penso se ela tinha outra opção. Divago sobre o destino, o livre arbítrio e aquela teoria sobre Caim ter transado com a uma macaca e daí ter iniciado a evolução. Até hoje essa é a resposta mais condizente. Criacionismo e evolucionismo andando juntos.
"Não. Engano não.
Eu sinto no ar o silêncio na multidão".
Ela passa andando devagar, sem pressa, mesmo com a garoa que embaça os óculos.
Cigarro entre os dedos, isqueiro na outra.
Vejo ela entrando num boteco, conversa com o balconista. Ele a entrega uma long neck de cerveja, continuam conversando. Deve ser sobre o jogo que passa na televisão. Ela continua com essa mania de fingir se importar com o assunto do momento.
Ela paga, pede também uns chicletes e sai.
Mesmo de longe, percebo que ela está chapada.
Os olhos caídos e os sorrisos de canto da boca denunciam.
Também acendo um cigarro. Quero ver até onde ela vai.
Deve estar ouvindo alguma dessas bandas alternativas que declamam textos em melodias. Lembro que ela me dizia que se identificava. Um amigo em comum havia apresentado e desde então ela não parava de ouvir.
Ela parou no cruzamento da Paulista com a Augusta. O farol está aberto mas ela não atravessa. Deve estar pensando se está fazendo a coisa certa. Aperta a bolinha entre os dedos. Pra quê tanta indecisão?
"Aqui estou eu, há meia hora parado no cruzamento da Brigadeiro Luiz Antônio com a Avenida Paulista. Pensando. Simplesmente pensando".
Mesmo assim, desce sentido baixo Augusta. Parece atenta as faixadas dos bares. Será que procura alguém?
Um rapaz a para e pede alguma coisa. Ela mexe na bolsa, nos bolsos e percebe que estava em sua mão. Era o isqueiro. Os dois riem.
Continua descendo.
Pára numa esquina, acende outro cigarro e compra mais uma cerveja.
Agora, segura a garrafa e o cigarro com a mesma mão e a bolinha em outra. Aperta com tanta força que se não fosse de espuma já havia quebrado.
"Nesse tempo que eu parei aqui tantas pessoas passaram por mim: empresários, mendigos, boys...
E até o zé doidim, que eu mesmo reconheci. Pessoas com mundos totalmente diferentes, mas que, naquele momento, naquele cruzamento, se cruzaram! Interessante, né?!"
Por alguma razão, deve ter lido alguma coisa no celular, ela entra e senta no balcão do estabelecimento.
Outra cerveja.
Os olhos e a expressão não negam o efeito do baseado que ela já fumou. Agora, na terceira garrafa de cerveja ela já está alta o suficiente pra se arrepender das escolhas que está prestes a fazer.
Alguém a chama e ela se senta numa mesa. O lugar está cheio de gente. Ainda estão todos falando sobre o tal jogo de futebol, o mesmo do papo com o balconista minutos atrás.
Alguém liga. Ela atende, ri e a ligação cai.
Eu sei que ela está incomodada com alguma coisa. Não queria estar ali. Quer sempre mais do que acha que pode conseguir. Eu nunca a entendi por inteira...
Ela sai com um grupo de pessoas. Anda devagar, pensa rápido.
Por ora percebo que ela cogita voltar o caminho. Mas segue.
Outro cigarro e a mania de morder o piercing. Ela está realmente incomodada. Engraçado. Sempre se diz tão livre e realmente é. Não sei porque não segue suas vontades.
Se distancia do grupo e entra numa padaria. Sai sem comprar nada. Se afasta ainda mais. Agora não tem bolinha, nem isqueiro. Ela não quer estar ali. Tenho vontade de descer da minha janela e ir buscá-la. Parece que só precisa que alguém lhe dê a mão...
"Todos os dias, em vários lugares, milhares de pessoas se cruzam mas não se falam, pois não se conhecem, e nem ao menos se importam com isso."
Vejo que ela anda ainda por mais um quarteirão.
Pensa, menina.
Sai daí.
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"Penso.
Naquele momento, naquele cruzamento, tanta solidão em movimento."
E continua correndo.
Corre.
Anda rápido.
Engole a cerveja que está na mão e anda.
Muito bem. Vem pra cá. Tenho o que você tanto busca, menina.
Alguém a puxa pelo braço. A cara dela condena a ação.
Conversam. Ela ri, mas quer chorar.
Se solta e continua andando.
Entra no metrô. Aumenta o volume dos fones de ouvido. Ainda é aquela banda esquisita.
"Ando, paro e respiro...
E fico comigo, confabulando: será que são apenas corpos vazios?
Ou será um engano?"
Penso se ela tinha outra opção. Divago sobre o destino, o livre arbítrio e aquela teoria sobre Caim ter transado com a uma macaca e daí ter iniciado a evolução. Até hoje essa é a resposta mais condizente. Criacionismo e evolucionismo andando juntos.
"Não. Engano não.
Eu sinto no ar o silêncio na multidão".
Enquanto eu observo seu percurso, imagino o que tanto ela pensa. Tão sozinha. Tão vulnerável.
Observando e absorvendo.
Meu papel nessa história é apenas registrar os desencontros que acontecem por aqui, os que eu consigo ver pela minha janela.
Essa foi só mais uma noite daquelas.
Lembra daquele verso "parece cocaína mas é só tristeza"? Às vezes é só cocaína mesmo.
"Eu vejo as pessoas que passam por mim, que falam, que ralam, que gritam em agonia e solidão. Dói no coração ver meu povo silencioso".
quarta-feira, 7 de maio de 2014
Me deu saudade de Pernambuco
Eu quero ter o sotaque das raízes da minha família.
Quero falar arrastado, afoito e alto.
Acho lindo o China cantando Erasmo e Roberto levado pelo Mombojó.
Quero frevo, calor, água de coco e praia.
Quero chinelo, short, vestido e porque não saia?
O sofá da minha avó, o leite que desce pesado e que eu nunca me acostumei.
Os pés de fruta da casa da dona Deci que eu passava tardes sentada debaixo comendo o que caía.
As compotas de caju, mamão e figo que ela fazia e me ensinava o ponto.
As fantasias de carnaval que ela e minha vó costuravam na salinha de 2 m².
Trote dos cavalos e o cheiro de chuva que trazia consigo os sapos na calçada.
Dia de feira com queijo fresco, missa bem vestida sentada do lado do filho do prefeito que gosta do sotaque paulistinha.
Os sabores do pernambuco são muito mais intensos.
O cheiro de suor, de música boa e de vida simples me fazem lembrar do meu avô.
Me ensinou a andar de cavalo, colher caju e assar castanha.
Dizia baixinho que eu era a neta preferida e ficava horas me contando da vida, dos 28 filhos e da primeira esposa.
Pena que não me lembro muito bem das histórias, só dos olhos azuis naquele rosto todo queimado de sol, os guias de Iemanjá no pescoço e o chapéu de vaqueiro.
Seu Antônio Felipe.
Me contou teorias sobre o fim do mundo durante a virada do ano, enquanto a cidade inteira passava o réveillon trancada em casa de luzes apagadas com medo do bug do milênio.
Minha avó Judite, cega de um olho, costurava inúmeros modelos de vestidos para as minhas bonecas.
Cada uma tinha o guarda-roupa próprio, vestido de noiva e moda praia.
Quando o carro do pão passava na rua, já sabia a quantidade que ela pedia e com a porta sempre aberta, entrava na sala e a chamava.
Os macaquinhos que moravam no quintal de trás e só iam no ombro dela. O milharal, as flores e as galinhas cantando enquanto engordavam.
Tio Cil, o único que permaneceu por lá, me levava na garupa da moto pras cidades vizinhas, me apresentava pra todo mundo e o centro de Garanhuns era pequeno pra imensidão do mundo que eu conseguia enxergar.
Tia Rose e o primo Flavio, sempre tão queridos, conversávamos como gente grande e eu, no auge dos 11, nem tinha ideia do tamanho da saudade que eu iria sentir.
Hoje, no último ano da faculdade, trabalhando e tentando equilibrar a leitura do livro novo, show que já comprei ingresso e o tcc, só queria me deitar na rede do quintal e ter como única preocupação o leite que não me fez bem.
Quero falar arrastado, afoito e alto.
Acho lindo o China cantando Erasmo e Roberto levado pelo Mombojó.
Quero frevo, calor, água de coco e praia.
Quero chinelo, short, vestido e porque não saia?
O sofá da minha avó, o leite que desce pesado e que eu nunca me acostumei.
Os pés de fruta da casa da dona Deci que eu passava tardes sentada debaixo comendo o que caía.
As compotas de caju, mamão e figo que ela fazia e me ensinava o ponto.
As fantasias de carnaval que ela e minha vó costuravam na salinha de 2 m².
Trote dos cavalos e o cheiro de chuva que trazia consigo os sapos na calçada.
Dia de feira com queijo fresco, missa bem vestida sentada do lado do filho do prefeito que gosta do sotaque paulistinha.
Os sabores do pernambuco são muito mais intensos.
O cheiro de suor, de música boa e de vida simples me fazem lembrar do meu avô.
Me ensinou a andar de cavalo, colher caju e assar castanha.
Dizia baixinho que eu era a neta preferida e ficava horas me contando da vida, dos 28 filhos e da primeira esposa.
Pena que não me lembro muito bem das histórias, só dos olhos azuis naquele rosto todo queimado de sol, os guias de Iemanjá no pescoço e o chapéu de vaqueiro.
Seu Antônio Felipe.
Me contou teorias sobre o fim do mundo durante a virada do ano, enquanto a cidade inteira passava o réveillon trancada em casa de luzes apagadas com medo do bug do milênio.
Minha avó Judite, cega de um olho, costurava inúmeros modelos de vestidos para as minhas bonecas.
Cada uma tinha o guarda-roupa próprio, vestido de noiva e moda praia.
Quando o carro do pão passava na rua, já sabia a quantidade que ela pedia e com a porta sempre aberta, entrava na sala e a chamava.
Os macaquinhos que moravam no quintal de trás e só iam no ombro dela. O milharal, as flores e as galinhas cantando enquanto engordavam.
Tio Cil, o único que permaneceu por lá, me levava na garupa da moto pras cidades vizinhas, me apresentava pra todo mundo e o centro de Garanhuns era pequeno pra imensidão do mundo que eu conseguia enxergar.
Tia Rose e o primo Flavio, sempre tão queridos, conversávamos como gente grande e eu, no auge dos 11, nem tinha ideia do tamanho da saudade que eu iria sentir.
Hoje, no último ano da faculdade, trabalhando e tentando equilibrar a leitura do livro novo, show que já comprei ingresso e o tcc, só queria me deitar na rede do quintal e ter como única preocupação o leite que não me fez bem.
sábado, 19 de abril de 2014
maldito seja quem olhar pra trás
Eu sempre carrego muito peso.
Das coisas que já passaram e que ainda permanecem dentro de mim.
Tento filtrar da melhor maneira pra que não impacte negativamente nos dias atuais.
Mas tem coisa que é impossível de esquecer...
Como as discussões que eu evitei. As mentiras que eu fingi acreditar. Os abraços que ficaram só em abraços, os beijos que se estenderam demais e as mensagens que eu nunca respondi.
Dizem que isso que eu sinto é só inferno astral.
Popularmente (ou astrologicamente?) é o mês que antecede o aniversário e tudo que pode dar errado, vai dar.
Mas me disseram que passa assim que completa mais um ano de vida.
O meu dura mais tempo que o esperado, talvez.
Tanto faz. Não acredito nessas coisas.
Além do peso, carrego comigo os traços de todos eles.
A paixão por cozinhar, de ouvir Blur, chorar no show do Dance of Days, timidez, descrença, escritor preferido.
Desapego rápido da presença, mas guardo retalhos das recordações.
Costuro uma colcha com eles.
O frio que eu sinto não desaparece.
Mesmo que eu tente me cobrir.
por todos esses anos
aprendi muita lição
só não consegui voar
com os pés presos ao chão
terça-feira, 25 de março de 2014
Não sei fazer título nem usar vírgula
Eu gosto de escrever. Me faz bem e eu consigo me expressar melhor, consigo ouvir e entender algumas ideias e opiniões que não seria capaz de pensar sem anotar nada.
Esses dias, durante a aula de Livro Reportagem e Jornalismo Literário, o professor pediu que fizéssemos um perfil, ou seja, escrever sobre alguém que tenha uma história legal pra contar. Logo eu pensei em usar algum texto dos arquivos aqui do blog, como o que escrevi pro meu pai ou sobre um grande amigo que fiz há uns anos. Comecei a reler, mexer nos arquivos e me senti lendo textos de outra pessoa, não parecia ter sido eu que escrevi tudo aquilo. Mas ao mesmo tempo eu me sentia dentro de tudo, lembrando dos acontecimentos e encontros que renderam todas aquelas recordações, falas e decepções que eu escrevi no auge da situação.
É engraçado e ao mesmo tempo parece que eu vivi uma outra vida durante o passado. Mudou tanta coisa que nem me dei ao direito de pensar sobre isso. Sobre mim.
Durante o intervalo dessa mesma aula, entre uns cigarros e uns amigos, rolou uma discussão sobre política. Outra luz (não aquela da lâmpada de ideia, sim de um farol bem estourado) me fez perceber uma grande mudança: -- porra, é sério que eu tô falando sobre partido, comunismo, esquerda ou direita?
E na faculdade, com amigos de idade parecida, todos na zona dos 20 e alguns, expusemos opiniões, demos risada e debochamos (a maior parte era séria, mas teve gente que achou graça de verdade) e só pude ter certeza de quanto mais eu penso sobre como estão as coisas ao meu redor, mais se torna perigoso estar aqui.
Na volta pra casa, depois de um pit stop, rolou mais conversa sobre música e ideologias (sem aspas) que abraçamos na adolescência e hoje em dia nem a banda, nem você acreditam que toda aquela revolução -- que já nos fez chorar num show dentro do Hangar 110, -- vá dar em alguma coisa.
É difícil admitir que a gente sabe demais.
E quem foi que disse que isso é bom?
A meditação ocupou o lugar das idas à psicóloga. Tem horas que sinto falta.
Era mais fácil pagar pra uma pessoa me dizer tudo aquilo que eu já sabia, do que ter que admitir sozinha que tenho preguiça de ter iniciativa.
Deve ser só um devaneio dessa vida capitalista que eu levo.
Me matriculei num curso de extensão pra aprender a criar título.
Outra coisa que parece bobagem, mas a minha chefe disse que é importante.
Ela me disse também que tenho dificuldade em usar vírgula. Ou uso demais, ou de menos.
Só não sei se tem algum curso que ensine isso. Talvez eu precise largar a faculdade e voltar pras aulas de português do ensino fundamental.
É coisa demais pra pensar. Preciso tomar uma cerveja...
Mas fica pra depois.
Ainda preciso terminar 3 matérias aqui no trabalho e decidir qual texto vou entregar pro professor.
E quem foi que disse que isso é bom?
A meditação ocupou o lugar das idas à psicóloga. Tem horas que sinto falta.
Era mais fácil pagar pra uma pessoa me dizer tudo aquilo que eu já sabia, do que ter que admitir sozinha que tenho preguiça de ter iniciativa.
Deve ser só um devaneio dessa vida capitalista que eu levo.
Me matriculei num curso de extensão pra aprender a criar título.
Outra coisa que parece bobagem, mas a minha chefe disse que é importante.
Ela me disse também que tenho dificuldade em usar vírgula. Ou uso demais, ou de menos.
Só não sei se tem algum curso que ensine isso. Talvez eu precise largar a faculdade e voltar pras aulas de português do ensino fundamental.
É coisa demais pra pensar. Preciso tomar uma cerveja...
Mas fica pra depois.
Ainda preciso terminar 3 matérias aqui no trabalho e decidir qual texto vou entregar pro professor.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
No país da bunda e do carnaval, é proibido ser gordo*
*Título em referência à esse texto da jornalista Juliana Romano no Brasil Post (12/02/14)
Me considero uma mulher normal.
Mas aí depende do que é normal pra você.
Sempre fui a gordinha bochechuda que todas as tias da família adoravam apertar e me deixar constrangida. Timidez (que depois de muita terapia entendi que na verdade é introspecção) é uma das minhas características também. Eu ficava rosada, sem graça e desde que entendi o que é ser gorda, ou melhor, uma mulher gorda, eu me questiono.
Nunca sofri bullying na escola por causa do meu peso. As crianças de 15 anos atrás (pelo menos durante meu tempo de escola) não se importavam muito com isso, eu me sentia confortável e tinha mais amigos meninos do que meninas, a gente jogava bola, colecionava tazo, lia livros juntos e se divertia bastante. Sempre achei as minhas - poucas - amigas bem parecidas comigo: lembro da Paula, ela era bem magricela e tinha cabelo liso, preto e com franja. A Karem era alta, magra e loira com um lindo cabelo cacheado. A Tati também era loira, tinha o cabelo liso bem fininho. Não era gorda nem magra, tinha sido transferida de escola e se aproximou da gente. Eu sempre fui mediana, meio gordinha (meu uniforme era um número maior do que das meninas), meu cabelo era cacheado e mesmo assim, éramos iguais.
Quando mudei de escola na 5ª série, o colégio era conhecido por ter 20 salas cheias durante os 3 períodos e acomodava alunos até o 3º ano do Ensino Médio. Conheci a minha melhor amiga (até hoje!) e também minha chará, ela era mais parecida comigo: usava o mesmo número de uniforme, tínhamos os mesmos assuntos e curiosidades, morávamos perto uma da outra e isso nos aproximou bastante. Tinha encontrado a minha "turma".
A gente foi crescendo, conhecendo pessoas e voltaram as minhas tias e seus comentários sobre o meu peso, tamanho da roupa, como eu calçava 38 aos 14 anos e por aí vai. Mas as minhas tias eram na verdade garotas de outras salas, estereotipadas com seus cabelos lisos com luzes loiras, jeans sem bolso no traseiro (dava a impressão da bunda ser maior) e blusinhas da cow girls com as costas nuas. E como eu me sentia? Normal. O que eu tinha de diferente?
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Ilustração: negahamburguer.blogspot.com.br |
Eu ainda não tinha entendido a gravidade do problema.
Terminei a escola, passei no vestibular e estou no último ano de Jornalismo. Aos 20, ainda andando com as mesmas pessoas, tendo mais amigos homens do que mulheres, agora ao invés de ir pra casa da turma a tarde depois da aula, a gente se reúne num bar pra jogar conversa fora e beber cerveja, eu me sentia normal. Falo de sexo, cocô e cinema com facilidade. Dou risada alto, xingo, vou pra lugares que eu não iria sozinha, só pra acompanhar os meus amigos e me divertir e às vezes exagero na bebida. Nunca me disseram que eu estava fora do contexto, na verdade, quando um cara tentou me convencer do contrário, resolvi que o errado era ele e não eu. E mesmo depois de perder quem eu achava que era o "amor da vida", (mas na realidade não me aceitava tão bem assim na frente dos amigos) ainda não tinha caído a ficha de que eu não era tão normal assim pras outras pessoas.
Eu era gorda. Eu não me importava com a grife do meu jeans ou a marca do meu tênis. Saía com o cabelo molhado enrolado num coque e um moletom de capuz quando estava frio. Um short e havaianas quando estava calor.
Isso não é sobre o que eu visto, é sobre o tamanho das minhas roupas. A dimensão do meu corpo, que aparentemente no meu espelho parece mil vezes menor do que na vista das outras pessoas.
O fato de eu não me importar chama a atenção nos corredores da faculdade, na mesa do lado no bar ou na calçada enquanto eu fumo o meu cigarro. O dinheiro que eu ganho trabalhando pra pagar a mensalidade do último ano teria que render o suficiente pra eu beber uma vodca mais cara, comprar roupas ao invés de porções de salame e claro: fazer regime.
Sabe o que é mais engraçado? Eu tive que aprender tudo isso sozinha. "Aprender" que ao meu redor eu era motivo de curiosidade: "como você é tão nova e não se cuida?", estar acima do peso é sinônimo de doença. Eu, que por ser filha única de mãe metódica e super protetora, sempre tive meus exames em dia, nunca tive colesterol, diabetes ou pressão alta. Se dentro da minha casa, no meu quarto, no meu espelho eu me sentia bem, qual é o direito do outro em se importar com o meu corpo?
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Ilustração: negahamburguer.blogspot.com.br |
Eu não gosto de tirar selfies, encher o feed do Facebook com fotos minhas, me exibindo em alguma pose ou postar frases de algum poeta que está na moda. Isso influencia a minha personalidade, a mulher normal do meu mundo não é a mulher maravilha, não é uma modelo ou a capa da revista que promete fazer você perder 4 quilos em 15 dias fazendo a dieta do chá. Parafraseando a jornalista Ju Romano: "Eu sou assim, gordinha, com a mente muito mais rápida que o metabolismo."
A minha aparência é muito pouco e muito pequena perto da mulher que eu posso ser. Li muitos relatos de outras meninas que se sentiam - e sentem - como eu e aprendi a amar, cuidar e depois de 20 anos, assumir a escolha de ser como sou. Não quero dieta, não quero pudores, não quero me adaptar. Não vou chorar dentro de um provador me olhando no espelho e me sentindo mal, com uma "culpa" de ser como sou.
Cultivo minha beleza de dentro pra fora. E com o passar do tempo, das pessoas e dos padrões, eu vou seguir com o desejo de ser melhor a cada dia, do meu jeito, como eu quiser.
• Juliana Romano, jornalista e dona do blog Entre Topetes e Vinis que aborda assuntos como a "quebra de padrões" e tendências de moda plus size, publicou as Confissões de uma Mulher Normal, que me inspirou no desabafo acima. As ilustrações que utilizei são da Negahamburguer, uma artista chamada Evelyn, que abraçou e deu forma ao Projeto Beleza Real, que tem como objetivo "mostrar através de intervenções urbanas as histórias reais de pessoas que por culpa do padrão de beleza que é imposto, já sofreram algum tipo de preconceito por serem gordas, magras, altas, baixas, negras, albinas, ou qualquer outra condição linda que a nossa sociedade insiste em falar que não é bom ou bonito. Estamos aqui para mostrar que isso é mentira e todxs nós somos lindxs porque somos reais."
Aceite o seu corpo ♥
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